por Carolina Fellet
Não sei para que ter um companheiro,
Ainda que escolhido a dedo.
Em vez de flores,
Boa programação,
Aprendizado,
E perfume original,
A necessidade de se aniquilar.
Entupir-se de hormônios,
Para saciá-lo e não engravidar;
Falar bem baixo para evitar vexame;
Maquiar-se sempre;
Penteado em dia;
Depilação exímia.
Em vez de prazeres intempestivos,
Uma mensagem atrevida.
Ou uma ausência,
Uma indiferença própria do invisível.
Não sei para que ter um companheiro.
Se é sempre um indivíduo,
Do mesmo jeito,
Irredutível e cheio de tique da cultura da casa dele.
Um cara que não se reinventa
E nem tenta,
Porque sabe que será um fracasso.
Todo mundo tem um companheiro.
Será que é para tirar um bom proveito,
E saciar as demandas primárias,
Sem que termine na solitária?