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25 de setembro de 2009

Estatísticas da Clausura

por carolina fellet

Dulce acabou de se graduar em administração e emendou a conclusão do curso com um estágio em São Paulo.
Filomena terminou uma relação conjugal de 17 anos e já se encantou pelo Rivotril® de 2mg.
No trânsito da Av. Rio Branco, há mais de duas horas, 375 motoristas estão dentro do carro.
Às 15h35 de hoje, 3.597 cidadãos se esbarravam no Calçadão da Rua Halfeld.
Num bairro afastado do Centro, sobre a folha de uma bananeira, uma maritaca reclama da própria vida de maritaca: “não aguento mais ficar cantando e voando”.
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As pessoas geralmente passam o dia encaixotadas: saem de casa, entram no carro, vão para o trabalho. Na diversão, shopping ou restaurante... Ou uma balada com ar viciado.

24 de setembro de 2009

234 5678

por carolina fellet

Ainda que o itinerário pela memória seja enorme - e, por conseguinte, alguns trechos desse percurso ficam esquecidos -, às vezes somos surpreendidos por uma lucidez repentina e generalizada.
Nunca havia dado muita importância à música do Gabriel Pensador que intitula este texto. Até que um dia vivi situação semelhante à proposta pelo músico/letrista, e me senti aconchegada pela canção, que estava bastante camuflada em minhas entranhas psicológicas.
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Esse trabalho autônomo e minucioso (de resgatar passados distantes) da psique me levou a outra excursão mental, na qual a perplexidade assumia a direção.

O Safári

por carolina fellet

1460 dias de relação tradicional: fidelidade, entrega, pensamento fixo, bons papos e volúpia. Algumas poucas e curtas intempéries e pequenos acessos de ciúme.
Como um enfarte repentino e fatal, o namoro acabou. Lá se foram virgindade, sentimentos extrapolados em mensagem de celular e o cheiro, a voz, os trejeitos e a aura do companheiro.
Agora restam os escombros desse tempo enorme que foi vivido a dois. E o velório dos momentos memoráveis divididos com o parceiro perdura... ... ... ... ...
Para tapear a tendência à autossabotagem inerente aos sentimentos, nada mais possante que vir para a praia da alma à procura de agrados instantâneos e de fácil acesso: um amigo antigo, de repente, pode ser promovido a um affair. Com este, pode-se seguir um itinerário clandestino e sem destino.

23 de setembro de 2009

por Carolina Fellet

Enquanto eu, Carolina, fui cortejada com uma música do Chico, minha prima Christianne foi ovacionada com um funk da pesada. Que discrepância. Principalmente porque eu sou mais despachada e a prima é mais fresquinha.

22 de setembro de 2009

por carolina fellet

Camarada teve recurso na loteria da Vida para comprar um bom carro e insiste em agir sob os moldes de um troglodita. Apesar de ele danificar os ambientes por onde passa, a natureza é insuperável: continua sintetizando lindas plantinhas. É Nela que devemos nos embasar. Sem hesitar e sem vir para o raso, porque neste haverá trogloditas na certa.

20 de setembro de 2009

De “a sós” a só

Por Carolina Fellet

A sós, o mundo paralisa suas atividades.
Concentra-se todo na eletricidade do atrito de dois corpos.

Sozinha, somente lembrança dos compromissos do dia.

7 de setembro de 2009

Kit Comportamental

por Carolina Fellet

O hábito dos dois beijinhos nunca me soou natural. Sempre me sinto exageradamente bloqueada quando sou apresentada a alguém: não sei se infrinjo a bochecha alheia e beijo o desconhecido, se apresento a minha bochecha à boca alheia, e ainda que quantidade de umidade devo colocar no beijo – caso eu opte pela primeira opção e avance rumo a uma bochecha alheia.
Prefiro estender uns 40 centímetros de braço a um “estranho”, não para sinalizar distância física, mas em devoção à pouca intimidade que nos une.

1 de setembro de 2009

por Carolina Fellet

Pelas ruas de Juiz de Fora, é um tal de terceirizar o autoexame.