Total de visualizações de página

29 de outubro de 2009

Na coluna do César Romero

FESTIVAL
Marlan Kling e Carolina Fellet participam da mostra competitiva do festival Primeiro Plano com o curta “Lixo e sobrevivência”. O trabalho de conclusão do curso de comunicação na Estácio mostra a dura realidade dos catadores de papel.

27 de outubro de 2009

por carolina fellet

Vamos aproveitar esta temporada carnal, porque vidinha de alma deve ser muito chato.
por carolina fellet

Malvino Salvador é o Brad Pitt em outros tons. É um pretexto para a manifestação metafísica da lindeza.

22 de outubro de 2009

Passo a passo para sair com o gato

por carolina fellet

Depois de se conhecerem, fica combinado um encontro. Não recomendo a você, garota, ir de vestido. Porque o tecido, geralmente fino, aumenta a voltagem da libido.
Nas primeiras saídas, calça jeans e blusa discreta. Invista primeiro na vernissage de sua vida interior. Mostre seus predicados mais nobres. O gosto por caminhadas em região arborizada, música boa e leitura enriquecedora. Exiba uma de suas peculiaridades mais possantes, como o talento para pintar borda de toalhinha.
Passados alguns meses, vale um decote “V”, calça jeans justa e um salto alto bem fálico. Vale olho bem pintado, batom vermelho e garras afiadas.
Falar boas verdades deve demandar tempo. Resguarde-as para o dia da grande lascívia.
E, aos poucos, sirva-se. Moderadamente
.

Escombros do dia

por carolina fellet

Preocupação com um emprego ortodoxo.
Aflição aliviada por lavação de roupa.
Banho às pressas.
Horário do ônibus.
Avenida debilitada pelo temporal.
Dois frascos de 200g de comida para tartaruga.
Aula de inglês reúne tanta individualidade e estranhamento.
Presente para o papai: hoje é aniversário dele.
Blusinha e pulseirinha novas. Terminei o namoro e quero renovar os ares.
Comi tanto na festinha e reuni uma dúzia da família.
Agora, antes de dormir,
Enfio tudo num saco de lixo de 50 litros.
Porque amanhã tem novo céu. nova Carolina.
por carolina fellet

Assim que a fase da latência sexual é violada, o encanto acontece integralmente devido à beleza do outro. Garoto de 12 anos quer namorar a intelectual esquisitinha da sala ou a gostosinha cobiçada por no mínimo mais 15 garotos?
O Tempo vai se cumprindo conforme suas metas mais ou menos genéricas – promover velhices, lascívias, chuvas – e a atração exclusiva pela beleza torna-se pálida.
O que passa a valer são os bastidores das pessoas. Começa-se a juntar os cacos dos gestos e das ideias daqueles que estão no perímetro do nosso convívio e, subitamente, um dos componentes dessa geometria começa a transitar com mais frequência pelas calçadas das nossas vontades. E, de repente, tropeço de paixão.

A um professor universitário

por carolina fellet

Namorava. E eu era um trem seguindo a linha do meu caráter. Nas raras vezes em que olhava para um rapaz, era olhar de soslaio.
No entanto, como nada que habita a condição humana é rígido, você inquietou todo meu líquido. Mar revolto. Pescadores atordoados. Naus à deriva.
Não me contive. Precisei dedicar-lhe estas linhas, antes de experimentar um pouco de você, do seu sabor e do meu próprio apetite.

O Orkut e o Voyeurismo

por carolina fellet

Desde muito pequena, numa desobediência aos princípios trazidos pela mamãe e obedecendo meus comandos mais intrínsecos, apreciava as canelas dos vizinhos dentro de suas casas. Se eu os visse de corpo inteiro, talvez a apreciação não teria tanta graça. O grande barato era dar-lhes as fisionomias que minha imaginação talhava instantaneamente.
Mais tarde e com menos ingenuidade, canela de vizinho não mais me entusiasmava. Passei a contemplar garotos bonitos e casais em transe de libido. A grande tônica disso é se envolver completamente com o outro sem deixar transparecê-lo; e se render à fiação invisível que enlaça a realidade.
Hoje, com a banalização do Orkut, os sintomas associados ao Voyeurismo são sintetizados a partir de uma potência esquálida dentro do nosso corpo. As canelas dos vizinhos não deixam mais lacunas à imaginação: a vizinhança agora aparece de corpo inteiro na foto. E olha dentro dos meus olhos. E ainda me esbanja um sorriso.
São os novos rumos da tecnologia alterando o DNA da vida.

20 de outubro de 2009

Sobre a tatuagem

por carolina fellet

A tatuagem está muito atrelada ao fetichismo. O próprio habitat dela já o revela. Porque tudo que busca realçar o corpo e consegue cumpri-lo com maestria acaba penetrando o território da volúpia.
por carolina fellet

À tarde, conflito.
O poder do invisível alastra-se, com a rapidez do colorido da anilina desvirginando o incolor, dentro do meu corpo.
Sou vítima das vontades ocultas da vida.

18 de outubro de 2009

Toda noitada, todo dia de trabalho árduo, toda empreitada têm sua cena.
...
Estava num show de roque pesado. Transitava de um lado a outro carregando comigo apenas minha sobriedade. De repente, me aconcheguei num canto cujo cheiro deslocou meu olhar a um maconheiro velho apertando sua erva.
Depois disso e dentro da vastidão de uma madrugada emaranhada em diversão, minha atenção sucumbiu a outras atrações do evento.
Mais tarde, novamente o maconheiro. Agora perante a apresentação de uma banda cover do Guns N´Roses e sob a profundidade de um sono alfa.

Privilaje

por carolina fellet

Como tudo que passa pela esteira da vida, o Privilège já teve seu tempo de glamour. Hoje é Privilaje.

*Privilège é uma casa noturna situada em Juiz de Fora - MG.

16 de outubro de 2009

Sonhar não custa nada?

por carolina fellet

Iate. Praia bonita. Roupas de grife. Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Montanha. Filtro solar. Casacos de pele de coelho. Jipe. Passagem aérea. Visita a pontos turísticos.
O miolo das vontades está sempre atrelado à riqueza, à beleza e ao conforto. Você se imagina numa cama King Size com seu gato ou num beliche das Casas Bahia?
Você prefere chocolate Castor ou trufas de rum da Kopenhagen? Prefere dirigir um Celta um ponto zero ou um New Beetle?
Por mais simples que sejam os desejos, eles não fazem fronteira com trabalho árduo, avenida movimentada e lotação. O bom e o ruim são imiscíveis dentro da nossa psique. E encarnar coisas boas demanda, sim, dinheiro e sossego.

15 de outubro de 2009

Quando a relação acaba

por carolina fellet

Ficar viúvo é muito triste. Não dá para negar. Mas, por a viuvez ser uma imposição da Natureza – que é perfeita –, as pessoas acostumam-se com isso e, subitamente, começam a perceber que “viúvo é quem vai”. Geralmente, envolvem-se em outros relacionamentos e se dão muito bem com eles e com a saudável memória daquele que se foi.
No entanto, quando um namoro (ou uma união qualquer) termina sem morte, a perda é mais sofrida. Porque o defunto fica vivo. Circula pelo Centro da cidade. Vai a festas. Paquera outros. Dança com outros. Beija-os. Faz sexo com outros.
Enquanto a barreira da viuvez é outorgada e inafiançável, a do fim de namoro sem morte acontece por uma série de constrangimentos e rancores, que nos aniquilam mais que o fim dos dias e do mundo. Que nos matam devagarzinho e com requintes de crueldade.

Voz interior

por carolina fellet

Se as pessoas dessem mais vazão à própria consciência, as instituições de ensino superior e os cursos profissionalizantes teriam presença esquálida na configuração da realidade.
Engrenar os cinco sentidos rumo à auto-observação, em vez de perscrutar o que nos cerca, é o começo do sucesso profissional e pessoal, já que desempenhar atividades com as quais o DNA tem afinidade gera alcances que superam recomendações e probabilidades.
Os escritores, por exemplo, carregam consigo a matéria-prima dos trabalhos que desenvolvem. Eles aproveitam das próprias estações sentimentais – tristeza, entusiasmo –, para discorrer, sob a dicção que lhes é inerente, sobre os mais diversos assuntos. Com pintores, músicos, dançarinos, creio que não seja diferente.

9 de outubro de 2009

Sobre a instituição “casamento”

por carolina fellet

O ar está exalando lamento. Casais já não se aguentam e se culpam mutuamente pelo fracasso da união.
O engano disso está na assinatura do réu. Quem carrega (ou deveria carregar) a culpa da situação não é o marido, a mulher; não são os filhos. A configuração do casamento é que é falha.
Ora, crescer conforme os ensinamentos dos pais (ou de quem o criou) e depois se adaptar a uma nova cultura – à do cônjuge – demanda muita ciência.
Ciência essa que só é alcançada quando muitas intempéries já foram vencidas e depois de a natureza ter nos degradado um bocado.

Desenvolvimento sustentável e as mulheres siliconadas

Por Carolina Fellet

*Um pouco de humor!



A preocupação com o desenvolvimento sustentável está tão generalizada que só pode ser comparada à quantidade de materiais enviados para biópsia todos os dias.
Ainda que a necessidade de se cuidar do ecossistema esteja enraizada em nossas mentes, não agimos conforme essa premissa. Basta observarmos as 1079341³ mulheres que se submetem a implantes de silicone no próprio corpo todos os dias.
Sem dúvida, esse material irá comprometer grande parte do fôlego vital, no momento em que as mulheres siliconadas estiverem mortas e em processo de decomposição.
A única maneira de poupar a “Mãe Natureza” de tamanho desgaste será reciclando os escombros dessas senhoras biônicas todos os dias.

6 de outubro de 2009

Papo de ônibus

por carolina fellet

Dia desses, estava no assento do ônibus e ouvi – já que ouvido não tem cortinas – um estudante de biologia dizer a uma amiga que existem neurônios espalhados por todo o corpo. Daí, pude concluir que algumas mulheres têm a concentração de inteligência na região pélvica. Ora, ali também há sabedoria.

4 de outubro de 2009

Nenhuma Novidade

por carolina fellet

As experiências estão soltas por aí,
Para que sejam lambidas por safras e safras de gente.

A morte está solta.
Abocanhando quem – apesar de vivo – já está em processo de decomposição.

As tristezas também estão alastradas,
Com vontade de prosperar como erosões mentais.
Até levar o próprio hospedeiro à catástrofe sentimental.

A alegria faz ciranda com os sentidos humanos.
Retira-se um pouco desse camarada e ruma àquele.

E, assim, a Vida brinca com a gente!

1 de outubro de 2009

Por que mulheres se casam com jogador de futebol

por carolina fellet

Pela TV ou a partir de meia dúzia de linhas jornalísticas, tem-se a impressão de que aquelas mulheres monumentais que se aproximam de jogadores de futebol o fazem a fim de desfrutar a grana que esses esportistas ganham.
Porém o fato não é tão óbvio quanto parece. O dinheiro dos ronaldos e kakás é apenas a força que lhes incita a empolgação e a autoestima. E, para manter uma relação amorosa, é imprescindível que cada parte esteja satisfeita consigo. Porque o namoro (ou casamento, ou união) deve representar um bônus – e não um ônus – nas nossas vidas.