Depois de uma noite à mercê; sem papel, entreguei-me às lágrimas. Não havia outra oportunidade. Tive que chorar para atenuar um pouco o câncer da alma; a isenção do corpo e a agudez da alma.
Desisti de lutar com todo músculo da alma em prol do sono; do "off". Escancarei a janela usando a mais alta potência do desespero. O desespero, quando materializado, repercute em estouro, erosão, poluição. Assim arranjo à alma um enfeite vindo do mundo.
Estou no colo do desespero. Minhas carícias saem de suas mãos, Oh!Desespero.
E, de repente, de olho ao infinito, vem vindo um ônibus. E o ônibus é quase um truque que equivale ao inexplicável. Ele vem a desfilar sua grande vitrine de terra chinesa, se inicia perante a inércia de uma das faces do mundo e depois apaga-se como a morte ocultada por manobras humanas diante do ritual do enterro.
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30 de novembro de 2005
26 de novembro de 2005
Esquizofrenia
Minha esquizofrenia não demanda combustível. E acho que a loucura como conseqüência de uma dose de qualquer coisa perde seu mérito. Gosto de ser - eu e meu copo d´água - este letreiro de esquizofrenia
22 de novembro de 2005
Grite, Hospital
O silêncio - uma idéia cimentada por hospitais - contradiz com qualquer tipo de enfermidade: esta sempre equivale a um berro da natureza. Uma manifestação que não se acaba antes de ser percebida. Portanto, a partir de agora, infrinja a placa e grite em hospital. Em respeito à Vida.
TeXtículos
Meus orgasmos são sempre curtíssimos. Mas agudos. Não consigo encher uma folha de pensamentos. Nunca fiz jus ao padrão. E minhas idéias têm a força que se incorpora em formiguinha.
15 de novembro de 2005
Velha Vida, Alma Nova
A vida é velha. Coisa que já ficou invisível, à mercê de teias de aranhas. Não enxergo nada... Fico sem saber qual é a do Mundo. Vidas são inauguradas amiúde. A mesma vidinha que se manobra em um pernilongo é a vidinha que me serve de bengala. Sem esta imposição clandestina, minha equação culmina no Nada. A vida é velha... a vovó já levava na cesta de frutos o mistério do mundo. A engrenagem, que é dona de tudo, não usa o verbo "esbanjar, não explora seu lado cabotino. A vida que me é inerente há vinte anos rompe o acordo com um velho de setenta e quatro (hoje li na "Tribuna de Minas" que um sr. foi assassinado). E por que a força vital é tão tênue? Por que uma contração humana consegue extirpar a dedicação tão obscura do Fado? Temos uma interseção com a miscelânea que se organiza em ovo. E por falar em ovo, lembrei-me da metafísica da Clarice. E lembrar da Clarice é atiçar novidade à alma... E atiçar novidade à alma é demandar atitudes da Velha Vida. Afinal, sou fantoche.
14 de novembro de 2005
Tijolos do Mundo
Não sei o que é que fica incumbido de manter o mundo em dia. Meu corpo demanda matéria para se manter ereto. As frutas estão chegando. Maioridades se fazendo. Bebê desvirginando a epiderme da mamãe. Vento ventando, chuva chovendo. Matérias, enfim, se inaugurando à Vida. O mundo é a conseqüência do que não se sabe.
12 de novembro de 2005
Inconsciência
Sou um pronunciamento de matérias cheias de formas, cores, texturas, espessuras. E assim é o mundo em sua íntegra. Somos a consciência da epiderme de tudo. Somos a conseqüência de um mundo a que não temos acesso. Assim como minha massa inaugura-se a esta existência, a forma inerente à formiguinha o faz. Tudo com que convivemos no ínterim da vida é um desconhecimento total. As vidas são estréias de matérias oriundas de um lugar revestido por um sigilo absoluto. A vida é uma orquestra acontecendo, um tricô autodidata se fazendo, um grande e enigmático instantâneo.
Somos coisas concluídas, ainda que em infindável mutação. Somos um universo dinâmico, rápido, forte e, no entanto, mudo, dissimuladíssimo. E ficamos à mercê. A ignorância já nos elegeu padrões. E assim a gente fica à espera das matérias que se agigantam ao longo da vida... E assim a gente associa as incertezas que constituem o âmago aos acontecimentos mundanos. É assustador ter a vida como a própria bengala e desconhecê-la por inteiro. Somos todos cegos que se conformam com matéria pronta.
Somos coisas concluídas, ainda que em infindável mutação. Somos um universo dinâmico, rápido, forte e, no entanto, mudo, dissimuladíssimo. E ficamos à mercê. A ignorância já nos elegeu padrões. E assim a gente fica à espera das matérias que se agigantam ao longo da vida... E assim a gente associa as incertezas que constituem o âmago aos acontecimentos mundanos. É assustador ter a vida como a própria bengala e desconhecê-la por inteiro. Somos todos cegos que se conformam com matéria pronta.
9 de novembro de 2005
Sobrenatural
Tudo que fica na vigília da vida é sobrenatural. Bônus de matérias me seguem até o último grito de vida; a alma com sua versatilidade inerente é minha bengala. E dela (da alma)eu nada sei. A vida é utopia pura. Ela vai me seguindo à frente; jamais estou em dia com ela.
8 de novembro de 2005
Matéria Humana
A matéria humana é pretexto para o mundo se pronunciar. O mundo nítido a estes olhos órgãos estrangeiros e o mundo de que não se sabe nada.
6 de novembro de 2005
Flores gringas
Uma flor no ápice do vigor se elege a mim. Vem gringa a me pegar absorta. E, de repente, muda de textura, resseca e, ainda assim, insiste em, pelo menos, manter seu esqueleto ereto.
4 de novembro de 2005
Tudo é instantâneo
A vida é súbita. Não há prévios esqueletos e planos. Não há reserva ao futuro. Tudo é instantâneo. O futuro se resume a um instantâneo da Natureza se manifestando em cernes de gente, em cores de frutos, em confecção de passarinhos.
Enquanto a sociedade se preocupa em fluir de acordo com a bengala da lógica, a vida, a genuína vida - a qual esmagamos perante o dia-a-dia, tem como tônica a ilogicidade.
Enquanto a sociedade se preocupa em fluir de acordo com a bengala da lógica, a vida, a genuína vida - a qual esmagamos perante o dia-a-dia, tem como tônica a ilogicidade.
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