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28 de fevereiro de 2010

por carolina fellet

Meu senso de humor
É boia que me resgata
Das minhas próprias ressacas
De tédio, carência, tristeza.

Meu futuro será um Astrogildo, um Sinvaldo ou um Bastião

por carolina fellet

Na escola, as médias eram oito e meio para cima. O primeiro beijo só aconteceu aos 17. Sexo, só depois dos 23; com um queridinho que, por quatro anos, fez parte da minha vida.
As inclinações à volúpia, ao consumismo, à comilança: tudo muito moderado. Salvo alguns contratempos do dia-a-dia, a relação entre meu ID, EGO e SUPEREGO é civilizada.
Porém, um episódio se repete em minha vida e me causa certa ressaca moral: a tendência inconsciente que tenho a atrair garotos com nomes estranhos, feios, vexatórios.
Se eu pronunciasse car@#%*, PQP, C*, talvez o efeito fosse mais ameno que gesticular meus Sinvaldos, meus Astrogildos e meus Bastiões.

27 de fevereiro de 2010

por carolina fellet

Mendigo é atemporal.
O inchaço, a solidão, o descaso do Estado deixam-no sem idade. Para sempre. Para nunca. Ao acaso.
por carolina fellet

Alguém pode até cogitar uma situação negativa comigo. Mas, por favor, já me venha com a solução no lombo.

25 de fevereiro de 2010

A fim de alguém?

por carolina fellet

Se você está a fim de alguém, por favor, não se precipite. Não enfie nesse afeto uma seringa gigante contendo todas as suas expectativas e empolgações. Aguarde um pouco para se revelar interessado.
Observe bastante seu alvo, colha-lhe o máximo de células e impressões. Para, quando você chegar à sua própria casa, destrinchar-lhe, com óculos de pesquisador, as qualidades, os defeitos e as inclinações. Balanço feito, é hora de partir para a caça.
Boa sorte!
por carolina fellet

Cozinha é como o câncer. Você desobstrui a pia lavando as louças e, de repente, ela está crivada de talheres e pratos sujos novamente.
por carolina fellet

Tive uma professora de matemática que dizia que morava na interseção da rua “A” com a rua “B”. Valkíria sempre foi libidinosa; seus assuntos giram em torno de calcinha, ficante, camisinha e barriga tanquinho. Gordinhas falam das lanchonetes que serão inauguradas na cidade. Funcionários públicos vivem em função de férias e recesso. Político mexe os pauzinhos para um “auxílio paletó”.
Cada um carrega sua tônica.
por carolina fellet

Quem se envaidece demais pelo fato de escrever bem, COITADO!
Bom escritor sobrevive da ignorância - e não da sabedoria - das coisas.
por carolina fellet

Juquinha conhecera Isadora num concerto de piano. Conversaram bastante, mas, transgredindo os parâmetros modernos, não se beijaram. Porém, prometeram se reencontrar. Não o fizeram.
Belo dia, o rapaz encontra a mocinha num evento social e lhe diz ao pé do ouvido:
- Você está me devendo um beijo, hein?!
E ela:
- Ih! Vou acabar lhe dando um calote.

23 de fevereiro de 2010

por carolina fellet

Esses bailes de formatura, cada vez mais comuns e previsíveis, por vezes, parecem portas de zoológico violadas e com a bicharada - e sua respectiva natureza - solta no meio da civilização.

PRECISA-SE

por carolina fellet

Senhoras sem botox para fazer papel de vovó na próxima novela das oito.

21 de fevereiro de 2010

por carolina fellet

Mulher brasileira é pura cultura que lhe é imposta desde criança.
Boneca. Fogãozinho. Perninha cruzada.
Mulher brasileira cresce respirando pulseiras, anéis, fala mole.
Vai para o salão de cabeleireiro para falar dos próprios dilemas.
Incorpora timbres de voz e dá uma musicalidade meio dissonante às palavras.
Mulher brasileira dá um megabalanço.

18 de fevereiro de 2010

por carolina fellet

Tem muito brasileiro que só come frango selecionado. De Franca. FRANCAtupiry.

12 de fevereiro de 2010

por carolina fellet

Quando namorávamos, não o sentia meu. Agora que terminamos, sinto-me sua.

O Contágio

por carolina fellet

Pintar a casa é altamente contagioso. Camarada da casa 101 pintou a fachada de azul e as janelas de branco. Na semana seguinte, o dono da casa 103 trocou o telhado e alterou o tom da grade... A mudança foi tão generalizada em todo o bairro que o arco-íris ficou desbotado.
por carolina fellet

Por educação, a garota cumprimenta o trocador do ônibus todos os dias: “bom dia, moço”. É uma saudação mecânica e despretensiosa. Em contrapartida, o trocador a cumprimenta com um “ei” estendido – “eeeeeeeeeeiiiiii” – e repleto de entrelinhas. Por enquanto, como diria a dupla sertaneja, é amor unilateral.

11 de fevereiro de 2010

por carolina fellet

Ninguém aguenta ficar trancafiado num quarto sem televisão. É preciso geladeira com sanduíche, FM, livro, revista. Ninguém aguenta a correnteza da própria vida.
por carolina fellet

Queria antecipar céus,
Para, neste momento,
Estar pisando a areia da praia.

Neste meu casco repleto de consciência,
Desejo dar assento especial a seus beijos,
Carícias e afetos.

Queria resgatar céus,
Para poder reviver você.
por carolina fellet

Sempre presto serviço de socorro aos besouros. Acho que esses bichinhos não foram feitos para voar, ainda que insistam em fazê-lo. Eles sempre aterrissam de cabeça para baixo. Se os aviões tivessem sido inspirados neles, era uma vez todos os passageiros.
por carolina fellet

Sábado. O gráfico do meu comportamento foi do ápice ao subsolo. Briguei com o meu querido irmão, e saí para me divertir com a minha querida irmã. Nesta última empreitada, estava tudo muito bem até o momento em que vi – numa calçada para transeuntes – uma concentração de baratas. Elas sempre me tiraram do sério; não pela textura cascuda, nem pelas antenas sempre alertas. O que me repele nas baratas é seu movimento aleatório.
Ai, ai. Quanta descarga de adrenalina.
por carolina fellet

Há muito tempo não piso o mar. Sinto falta do contato com aquela vida cujo fôlego nos estimula a explorar cada vocação que habita nosso âmago.
Neste carnaval, vou para o Rio interagir com o Mar. Que felicidade!!!!!!!!!

por carolina fellet

Baixa literatura é para os sentidos recatados pelos órgãos do corpo. Enquanto alta literatura é para as habilidades ilimitadas da alma.

9 de fevereiro de 2010

por carolina fellet

Vizinhos viajam
E deixam toalhas na sacada,
Para fingir que tem gente em casa.

Ladrões espertos
Já interpretaram o código.

Sem cerimônia,
Arrombam as portas
E violam a dignidade
Dos donos da casa.
por carolina fellet

Gente com vínculo acadêmico exagerado vai ficando chata. Abandona o pensamento para viver de memórias alheias.
por carolina fellet


Todo dia
O Brasil me deixa ver
Seu quartinho dos fundos –
O cômodo da bagunça.

Documento no cartório
Contendo crime de ortografia.
Campanha séria
Transformada em samba-enredo.
por carolina fellet

No melhor dos sentidos, Conde M. é como praga: por mais que eu invista em processos de devastação e ache que ele me está desenraizado, eis que me aparece mais um broto dele.

O Grito

por carolina fellet

Mulher estava assentada à minha frente no teatro. Ela falava tão alto, mas tão alto com o companheiro que pensei: “essa aí, na hora do coito, quebra uma taça”.

Episódios domésticos

por carolina fellet

Papai sempre foi rígido. Vira e mexe, no meio da madrugada, tinha um despertar relâmpago e saía conferindo a cria. Ai da gente – filho – se estivesse fora do ninho.
-
Minha irmã não se levanta da cama; se levanta da tumba.

7 de fevereiro de 2010

por carolina fellet

Formatura é um evento que, de uns tempos para cá, tem me emocionado. Numa ocasião autopsicanalítica, tentei descobrir o porquê. Acho que consegui: toda vez que várias pessoas se encontram para comemorar alguma coisa, é sinal de que um ciclo se cumpriu e, consequentemente, um pouco da Vida que nos é ofertada se foi, enquanto o senhor Fim se aproxima discretamente. Choro precipitadamente.
Além desse vai da Vida e vem da Morte, as menções a Deus, aos pais, aos amados e, principalmente, aos mortos, as quais são feitas em colação de grau, me comovem à beça. É porque Deus, os pais e os amados estão tão presentes no nosso dia-a-dia que acabam sucumbindo ao óbvio.
As formaturas vêm desmistificar isso e pôr esses queridos em seu verdadeiro hábitat: no coração da gente!

2 de fevereiro de 2010

Mc Donald's

por carolina fellet

Mc Donald´s é promessa de galinha,
De vaquinha,
De peixinho,
De água de coco.

Se o Ecossistema enfartar mesmo,
Mc Donald´s também será a grande promessa das macumbas.

Afinal, todas as galinhas pretas estarão mortinhas mortinhas.

1 de fevereiro de 2010

por carolina fellet

Sexo é tão poderoso.
Não pelo orgasmo apenas.

Mas por implicar
Encorajamento,
Descontração,
Autoconfiança.

Para enfrentar a fila,
Ter serenidade na sala de espera
E fazer o melhor frete para a Vida.
por carolina fellet

Se eu tivesse que usar gírias,
Colocar fio-dental na praia,
Deixar de falar "oi" para o ascensorista,
Ah! Isso me custaria tanto!

Tenho antídotos poderosos a muitos comportamentos comuns por aí.

Floquinho

por carolina fellet

Juventude acata quase tudo que lhe é oferecido sem grandes questionamentos. Do dia para a noite, começa a falar “vibe”, “pode crer” etc.
O tal do “ficar” em baladas é praticamente imprescindível entre os jovens. Sem ele, a noite deixa a desejar no balanço do dia (ressaca) seguinte.
Sábado desses, eu, solteira há cinco meses, estava dançando num PUB e um camarada se aproximou de mim dizendo:
- Ei, você parece um floquinho de neve. De tão branquinha que é.
Dei-lhe um sorriso simpático.
Depois, à medida que eu me deslocava rumo ao banheiro do bar, o cara pronunciava: FLOQUINHO, FLOQUINHO.
Muito discretamente, eu lhe disse – com o timbre amistoso até:
- Floquinho é nome de cachorro.
...
Estiquei um pouco a conversa, o que fez o rapaz me achar interessada nele. Equívoco.
...
Lá pelas tantas, depois de ter percebido meu jeito recatado, ele me disse:
- Como você se diverte? Não bebe, não fuma?
E eu lhe repliquei:
- Já ouviu falar em vida interior?