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28 de junho de 2009

Carregador de caixas

Por Carolina Fellet

Enquanto a Europa parece ter dado certo, o Brasil acorda com a necessidade de se matar um leão por dia. Por isso, carregar caixas é profissão aqui. Foi numa dessas empreitadas, que seu Neca trouxe à tona uma dor no meio da palma das mãos. Caso nunca tivesse transportado uma caixa, não daria vazão a essa manifestação metafísica que é a dor no centro da palma da mão.

26 de junho de 2009

O Orgasmo de dona Josélia

Por Carolina Fellet

Transcendendo geografias e privacidades, a voz de dona Josélia chega a meus ouvidos.
Em visita à Malásia, fiquei sabendo que, sob um de seus orgasmos, ela fez tremer a região sudeste do país.

*Dona Josélia mora em Juiz de Fora, MG, Brasil, há 74 anos e nunca saiu da cidade.

20 de junho de 2009

por Carolina Fellet

Todo dia, uma avalanche.
As ferramentas manufaturadas pela própria psique não conseguem conter a natureza involuntária. Então, com Osho, aprendi a ser blasé.

Acidente com o Airbus 447

por Carolina Fellet

Esse fôlego que estoca medos, vontades, frustrações e, por vezes, a necessidade de se parecer sério, em átimos de tempo, sucumbe.
O "da boca para fora" sequer questiona nossas aptidões e nos abstém daquilo de que vivemos: do flat orgânico.
Morrer sempre me pareceu um passo heroico.

10 de junho de 2009

Insutilezas do mundo moderno

TEXTOS EXPOSTOS NA PRAÇA ANTÔNIO CARLOS DURANTE O ANIVERSÁRIO DE JUIZ DE FORA

Escova: ( ) progressiva ( ) inteligente ( ) de chocolate ( ) definitiva

São tantas as maneiras de alterar o DNA das madeixas que a brasileira hesita na hora de optar pela forma como irá se desnaturar.
Com esse tal de estica e puxa instantâneo, a negação à natureza dos cabelos ganhou a aceitação da maioria das mulheres.Fios belíssimos, sedosos e dançarinos natos, num súbito – sem prognósticos e bom senso – foram submetidos a químicas e temperaturas extraordinárias. Resultado: conforme a máxima do Mc Donald´s de homogeneizar os sanduíches, as mulheres brasileiras quiseram tornar-se universais; a par do Inmetro da beleza.Agora, alteraram-se algumas funções dos ventos. Eles não mais embalam os cabelos dessas criaturas pós-modernas, afinal, as madeixas sucumbiram à inércia das escovas que petrificam os fios.

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Boca de Botox

As bocas de botox, quando suas donas (ou seus donos) estiverem mortas, competirão o processo de decomposição com as garrafas PET.
Num futuro qualquer, haverá campanhas de reciclagem para as bocas botocadas. Elas são nocivas ao meio ambiente.

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Importação em alta

É cultural essa mania terrível de o brasileiro girar o corpo, em até 360º, para olhar o traseiro de uma mulher. Com essa recessão generalizada, não seria má ideia importarmos um container cheio de gringos. Corações partidos...
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Estoque

Eu e meus congêneres temos parentesco com o conteúdo dos almoxarifados. Porque, ainda que nos movimentemos, estamos sempre cercados pela inércia dos imóveis e pela clausura dos transportes.

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Por quê

Não sei por que os branquelos dão a impressão de serem ilibados.
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Telefonefobia

Em época de raros encontros face a face, sofrer de telefonefobia não é nada fácil.

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Sudeste do Brasil

O Sudeste brasileiro aniquila as criaturas. Vejo advogados, médicos, universitários, intelectuais e até supersticiosos empedernidos sob discursos postiços.

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Xenofilia

Enquanto o resto do mundo deseja preservar a própria cultura e suas idiossincrasias, brasileiro adora degustar gringo.
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Pagodão

No Brasil, para algum alerta se tornar legítimo, é preciso transformá-lo em pagode. Repare as campanhas de combate à dengue. Enquanto se falou sério sobre as más consequências do Aedes aegypti, a sociedade não se mobilizou. No entanto, quando as rádios começaram a tocar um pagode cuja letra se referia aos perigos da dengue, esta quase foi extirpada do território nacional.
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Por favor, Senhores

Há senhores que já passaram da hora de agarrar um terço, mas insistem em correr atrás de carne nova.
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Se o advento do sobrenome existe para singularizar as pessoas, para que recorrer ao já enferrujado piercing?
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O sedentarismo do século vai para...

O sedentarismo do século não vai para os funcionários públicos que ficam hibernados em suas repartições, nem para as criancinhas que comem hambúrguer no recreio das aulas. O sedentarismo do século vai para aqueles que se intoxicam de televisão e depois não aguentam se concentrar em outras alternativas para o conhecimento.
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