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21 de janeiro de 2006

Pressa

Meu tempo é este vigia que fica acordado a rodear minha casa. Oferecendo-lhe cru: meu tempo é a vida útil da consciência. E não adianta eu antecipar céus, porque meu tempo, apesar de me ser, vem quando bem entende.

17 de janeiro de 2006

Deus Homem

Salve o indivíduo que inventou o gravador. Salve o Deus que fez isto. O som desafia a morte. Como a nova geração de abelhas que surge para pôr nos óculos das vidas uma das destrezas de dona Eternidade.

16 de janeiro de 2006

Ingressos Limitados

Garanti meu ingresso ao espetáculo. Quase todos os dias o faço. Quero perscrutar a destreza do mágico. Quem sabe ele me deixa escapar a verdade do truque. Mas vou dormir todos os dias sem saber por quê.

13 de janeiro de 2006

Semana a cumprir

Mais Tempo. Abriu-se o Tempo. Agora a vida me demanda. Concluí uma porção de tempo e agora é necessário ingerir mais tempo. O sabor é redundante. Ou, às vezes, a língua é que está frígida.

Penitência

Estou sem fôlego para a Penitência. Apelei para todo Panteísmo que me é inerente. Mas está tão trabalhoso. Demando fôlego; não agüento subir morros, imagine transportar a Vida.

11 de janeiro de 2006

Fazer xixi

A todo tempo demando esvaziar a moringa. Restaurante. Discoteca. Casa. Quarto. Conheço todos os tipos de banheiro.

10 de janeiro de 2006

Mariana & Carolina

A gente rima. Uma rima implícita, claro. Não há estética a nossa semelhança. Mas a gente rima. Adoro quando você brinca... Adoro quando você é séria... Adoro o modo como você cumpre a penitência.

7 de janeiro de 2006

5 de janeiro de 2006

Marido

Esta palavra soa-me como um acontecimento frígido ao qual deram demasiada importância; soa-me pejorativa: ma-ri-do. Compromisso genital. Coincidências tamanhas que culminam em incesto. Despoesia. Alienação da volúpia. Canteiros de planos com vazio de espécies.

2 de janeiro de 2006

À espera de serviços públicos

Os pronunciamentos deste mundo de tijolos geralmente não me deixam elétrica. Ao contrário, bate-me uma tristeza... Uma ameaça de morte; de silêncio absoluto. Fico vendo os incumbidos da luta material à espera dos prolixos serviços públicos. O Serviço Público é sócio dos deuses do apodrecimento das vidas. Daqui a 10 dias voltarei para pegar novas safras de senhas. Onde será que ficam as hortas de tanta senha. Já era para ter se esgotado a matéria. E os 10 dias? 10 dias é muito. Em 10 dias o Tempo materializa nosso teto, tinge nosso teto, expõe joalherias no teto; transforma a juventude da cereja em velhice precoce; natureza viva, em dez dias, pode vir a ser natureza morta; um bebê - sujeito oculto- torna-se uma pronúncia de Deus; em dez dias, tudo que um dia foi a bengala de um lindo gerúndio se conclui no pretérito. Esperarei com calma, afinal a Vida que se materializou nesta moda não é nenhuma atleta; é um mísero artesanato de mãos antiqüíssimas e estrangeiras; um artesanato que não contemporiza; um artesanato nada camaleão; um artesanato absorto.
FIM

1 de janeiro de 2006

Inteligência

Dar palanque e microfone ao povoado da memória. Talvez sejam os músculos da memória os incumbidos da inteligência. É a esta conclusão que me induzem meus canteiros da razão. Mas acho que a inteligência transcende o bom desempenho dos gravadores... Inteligência é ser Deus; inaugurar-se em todas as artes, talvez.