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4 de novembro de 2013

Sobre a morte

Os carros recuam no centro da cidade. Pelo retrovisor, veem as ancas largas da Emergência. Também ouvem seu grito. Estudantes voltam para casa dependurados em suas mochilas com tarefas em aberto. Vovó já não tem posse do próprio corpo. O tempo parece ter-lhe sido displicente: não há mais pressão, visão, respiração, tato, temperatura. O corpo agora é oco. A peça de carne que ficou me nutre de saudade e da sabedoria de que somos todos ventríloquos desse mecanismo antigo e ininteligível que é o tempo. 

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