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20 de fevereiro de 2014

Adolescência hi-tech

Papai me deixou chupar bico até os dez anos, talvez com a esperança de que minha fase oral fosse superada ali. Aos 14, lembro-me de ter comprado minha última boneca. Na primeira vez que um carinha me abordou na balada, corri uma semimaratona. Mamãe nunca me presenteou com tanguinhas ou microssaias. 
Felizmente, minha infância foi cum[com]prida. Não há como remanejá-la no cronograma da vida, afinal. Se bem que, não faz muito tempo, fui à Ri Happy e fiquei tentada a comprar um caixa registrador. E a ideia gotejou na minha cabeça por algumas semanas. 
A sexualidade floresceu na estação mais adequada, quando minha consciência já estava mais ou menos nutrida para os impactos de tantas e intempestivas descargas de eletricidade no corpo. Não é que eu a esmagava, mas havia outras solicitações mais urgentes antes.
Como os adolescentes não vivem em colônias - às vezes os queria fora do meu trajeto na vida - tropeço, de quando em quando, em alguns. Alguns, porque eles costumam andar aos cachos. E o que vejo são brotos de supermachões cujo vocabulário enrubesce até o Cinquenta tons de cinza e garotinhas, ainda despeitadas, prostituídas pelos esboços de roupa, maquiagens, comportamento e distúrbio de realidade. 
Não consigo vislumbrar a cara dos pais dessa geração - que tem iPhone como tubo de oxigênio e que caminha coreografada pelo funk ostentação.

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