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9 de janeiro de 2010

por carolina fellet

Não tenho filhos, não os desejo e nunca os desejei. Porém, de vez em quando, gosto de estar com filhos pequenos dos outros.
Enquanto espontaneidade, entrega despretensiosa e obstinação com aquilo de que se gosta são raridade entre adultos, na realidade da criança, isso é praxe. E, de repente, resgatar dentro de nós, adultos, esses ímpetos nos traz bem-estar.
Mayara, minha afilhada de quatro anos, consegue gastar bom tempo com uma massa de modelar que lhe satisfaz algumas ficções. Sente-se inteira com as modelagens. E é com ela que eu me renovo. Porque, à medida que os sentidos vão ficando entrosados com os objetos de sua cobiça, ainda que permaneçam afiados, perdem um pouco da vontade de sentir.
Com os sentidos adultos, quase sempre nos tornamos mortos-vivos que vivem pela mera condenação de estar vivo.

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