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12 de novembro de 2005

Inconsciência

Sou um pronunciamento de matérias cheias de formas, cores, texturas, espessuras. E assim é o mundo em sua íntegra. Somos a consciência da epiderme de tudo. Somos a conseqüência de um mundo a que não temos acesso. Assim como minha massa inaugura-se a esta existência, a forma inerente à formiguinha o faz. Tudo com que convivemos no ínterim da vida é um desconhecimento total. As vidas são estréias de matérias oriundas de um lugar revestido por um sigilo absoluto. A vida é uma orquestra acontecendo, um tricô autodidata se fazendo, um grande e enigmático instantâneo.
Somos coisas concluídas, ainda que em infindável mutação. Somos um universo dinâmico, rápido, forte e, no entanto, mudo, dissimuladíssimo. E ficamos à mercê. A ignorância já nos elegeu padrões. E assim a gente fica à espera das matérias que se agigantam ao longo da vida... E assim a gente associa as incertezas que constituem o âmago aos acontecimentos mundanos. É assustador ter a vida como a própria bengala e desconhecê-la por inteiro. Somos todos cegos que se conformam com matéria pronta.

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