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18 de setembro de 2007

Bossa Nova


O espectro da angústia de se iniciar nos pertencimentos às máximas da Humanidade o acompanhava nas viagens ao Rio de Janeiro. Ia à cidade maravilhosa respaldado pelo conforto de um carro contemporâneo aos lançamentos da indústria automobilística, pelo carinho do motorista vitalício da família e por um repertório imensurável e magnífico de Bossa Nova.
De nascença, Felício angustiava-se. Tudo que lhe ameaçava a natureza intrínseca o prostrava. Ir ao dentista e acompanhar os dias algarismados implicavam a domesticação daquele ser extenso, infindável, transcendente. Infelicidade. Os ricos inventam compromissos mil para se entrosarem com o inatingível tempo. E este lhes vira a face.
Felício superou algumas dicções da angústia; esta, no entanto, sempre o acompanha com diferentes cortes de cabelo, diferentes indumentárias, diferentes maquiagens, diferentes comportamentos postiços. Os percursos melancólicos de Minas ao Rio se esvaíram ou sofreram mutações que hoje equivalem a bobeirinhas de mente desconfortavelmente infantil. O sofrimento careca lhe trouxe resistência para caminhar de encontro ao tempo, às pessoas com suas atitudes inerentes.
A gazeta das idiossincrasias o questiona do amor – ele de fato é amado, ele de fato emana amor; da importância dele perante o Cosmo – será ele mais um mísero experimento de Deus, que não dará certo, haja vista a morte, e que não reverberará em memórias futuras? Felício é um jornalismo investigativo sem respostas. Apenas ecos, ecos e ecos.

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