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5 de agosto de 2009

Sobre as lembranças de vendedorinha

Por Carolina Fellet

Após quatro anos do envio do currículo,
Depois de esperanças já esquálidas e pretensões mudadas,
Gilka é chamada para trabalhar numa livraria.

Vender livros, a essa altura, não faz parte dos seus sonhos,
Mas,
Para ventilar um pouco o hábito quase maníaco de frequentar instituições acadêmicas,
A jovem adulta se entusiasma com a mudança de ares.
E descobre que trabalhar numa livraria está mais voltado à psicologia que à economia.

Cada cliente deseja um produto, mas, essencial e previamente,
Um caminho suave e amistoso para se chegar a esse produto.

Portanto, em vez de realizar vendas instantâneas ao computador,
A atenção dada ao freguês é primordial.

Quantos casos,
Quantos desabafos,
Quantas cantadas,
Quanta prepotência,
Quanta pressa e intolerância.

Ter sido vendedorinha deixou Gilka mais articulada,
Mais cheia de autoestima,
E menos aterrorizada com a possibilidade de trabalhar e se sustentar.

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