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17 de dezembro de 2009

Reprovada em Educação Física

por carolina fellet

Nunca havia tido problema com as matérias da escola. Matemática, média sete e meio, mas jamais no vermelho. Certo dia, sem prenúncios, um pessoal alto, musculoso e queimado de sol entrou na sala de aula de Ana Irene e apresentou a ela e a seus coleguinhas, que tinham entre oito e nove anos, uma tal de Educação Física.
Já era sabido entre a família da garotinha que o instinto de sobrevivência dela era demasiado. Ana Irene tinha medo de altura, de piscinas e mares, de pegar carona com pai de amiga que andava a mais de 60 Km/h.
Dona Ivete, mãe de Irene, achava que a filha tinha medo da vida, e temia que a menina estagnasse, enquanto suas contemporâneas estivessem progredindo.
Na cabecinha de Aninha, participar de um esporte que envolvesse bola era infringir a autoproteção inerente à condição humana. Principalmente quando o alvo eram os próprios corpos das pessoas participantes da disputa, como acontece nas queimadas.
Por isso, por mais que ela se destacasse nas redações extraordinárias que escrevia, teve que repetir um ano na escola por não frequentar as aulas de Educação Física.

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