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28 de agosto de 2006

Filipinas

Tânia. A Natureza, por um tropeço de memória ou por não sei o quê, priva-se do original e se repete. Repete-se. Repete-se. E fatiga quem é incumbido da Vida. A garota cansara de acordar, escovar-se, ajeitar-se, inevitavelmente ir ao encontro das burocracias sagradas de cada dia. Atchim! Estopim de tédios congêneres.
A esteira de aulas, de intervalos entre uma teoria e outra, reunião à mesa, danças, ioga, paqueras, fetiches, bom dia, boa tarde, boa noite, cumprimentos plenos de canastrices ao ascensorista, risos fajutos oriundos de uma dentadura fajuta de cadáveres antiqüíssimos. Tudo. A integridade da existência deslocara-se a um sentimento de Natureza insípida.
Tânia, no topo da juventude, demandava uma extravasada. Um devaneio maciço, possante... A existência outorgada de cada feixe de instante maltratava-a. Num frenesi de emoções diluídas em tédio de se respirar, decidira ir às Filipinas. Filipinas. Susto unânime. Mas, Tânia, Por que as Filipinas? FILIPINAS? Por quê? A Tânia me disse que vai para as Filipinas... Estranho, né?! Era preciso, naquele momento carimbado de aridez e cobiça de fim, ousar a ponto de incrementar os presentes mais próximos com uma alegoria qualquer. Bebericar novas águas é sempre tesouro, é sempre o paliativo eficaz a crises de todas as estirpes.
Em uma involuntária homenagem a Vinicius de Moraes, que amou muito, que amou muitas, Tânia esparramou-se nas Filipinas. E abocanhou pedacinhos de Mistério. Embora não o tenha descoberto.

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