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9 de novembro de 2007

Marcha Nupcial

Casamento?
Eu tô fora. Domesticar gente grande demanda uma árdua dedicação.
E o choque de culturas?

Ele adora falar ao telefone, justamente na hora do programa mais bem bolado do GNT. A casa é pequena à beça.
Ele e a família têm o hábito de chegar de e ir a sem avisar.

Na primeira vez em que, involuntariamente, participei desse conchavo anti-etiqueta, Arnaldo – o ex e único-ex (espero não ensandecer novamente!) – acordou e me disse: benzinho,vou te levar a um lugar de que irá gostar bastante. Como quem confia na retórica de um político em audiência pública, lembro-me – até me eriçam os sentidos – de ter ficado demasiadamente empolgada; para onde ele está me levando?para um lugar farto de natureza... A essa hora e pelo que eu acho que ele sabe de mim: para um lugar descampado, só pode.
Algum asfalto pretérito. Algumas vegetações quase inexistentes, haja vista os olhos que a deixaram escapar e tal. Algum gado solitário. Alguns episódios exclusivos ao casal. Enfim, o marido foi acomodando o carro próximo a uma vila. Desceram do carro... ele abriu a portinhola do povoado... andou a distância de três fachadas de casa e bateu campainha. À mesa, primos já proliferados em outras gerações. Um almoço lhes esperava. Gisele, a recém casada, constrangeu-se toda, ofereceu os préstimos à anfitriã e foi tragada por uma catarse. Esta situação não tem nada a ver comigo, detesto encontros invasivos como este, essa senhora deve ter acordado cedíssimo para preparar a comida, eu sequer a conhecia e estou na casa dela, gozando do labor dela, isso não é justo. Uma parte do Inconsciente tentava dissuadi-la. Pretensão vã.
A libido já não vinha com tanta naturalidade. As palavras morriam quando pisavam a superfície da língua. Os agrados correspondiam a gestos altruístas, mas não deu para estender o ato postiço. Comunhão parcial de bens.

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