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27 de julho de 2010

Pode parecer mórbido

por carolina fellet

Estava dentro do carro, na avenida principal da cidade, quando um cego foi incorporado pelo meu campo visual. Ele vinha vindo ladeado por três pessoas que lhe davam suporte.

Assim que o vi, tive a reação que todo mundo tem: compaixão. Afinal, a minha cruz – comparada à dele – é de ouro 18 quilates.

Porém, à medida que o engarrafamento inquietava minhas ideias, vislumbrei algumas regalias que só os deficientes possuem.

Assento preferencial, direito a uma fatiazinha de orçamento público, carinho – ou pelo menos respeito – quase unânime das pessoas.

Enquanto quem vem à luz com “tudo nos trinques” é obrigado a exercer as virtudes de que fora incumbido pela Natureza. Tarefa difícil.

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