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16 de junho de 2005

Ele

Enfim cheguei à conclusão de que existe o mundo porque existo. O dia em que eu deixar de existir, as árvores perderão suas cores inerentes. As árvores ficarão a novas criaturas. A morte e ressurreição dos beijinhos americanos serão cinema a outros. O sol não mais me esquentará, que estranho. Minha consciência não terá mais consciência. E a vida, esta minha vida, não vai além de mera consciência. Sou fatias. Sou circunstâncias. Sou dores.
Ele emendou diversos sentimentos que são o solo da minha natureza mais intrínseca. Ele me fez sentir mais a minha própria vida. Ele encaminhou-me, sem senhas, ao poço. Ele me mostrou a grandeza frágil de se viver. Ele intensificou minha imunda condição de transeunte, de objeto fugaz. Ele foi nada para um espectador qualquer. Ele é esteta, pequeno como criatura humana, ele se esparrama com facilidade em vidinhas alheias.
Ele foi trivial para a manutenção de sensações das quais a Natureza sozinha não dá conta. Ele foi importante feito os apelos didáticos dos professoresinhos. Ele é enciclopédico e isso, às vezes, irrita. Porque acaba sendo um pote de vaidades. E vaidade esconde o jogo, rompe com as verdades mórbidas da gente.

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