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11 de maio de 2010

Uma querida chamada Hilda

por carolina fellet

94 anos. Em abril de 2010, dona Hilda, amiga da vovó – já falecida –, decolou da vida rumo ao território misterioso da morte.
Todas as atitudes das quais me lembro dessa senhora sempre surgiam da pureza – valor tão coagido por tantos outros nesta vida. Frequentemente ela telefonava para minha casa simplesmente para dizer: “filhinha, você reparou como o dia está lindo? O céu está tão azul!”. Na época, eu, adolescente, ficava com os olhos marejados. Hoje, já adulta, me comovo completamente com essa memória.
Nunca presenciei dona Hilda cabisbaixa, desarrumada ou fatigada. Ela sempre estava “nos trinques” para recepcionar a alegria. Apesar de diabética, quando fugia da vigília dos filhos, sucumbia a bombons, a doces caseiros e a qualquer “junk food” que estivesse na mão de uma criancinha.
A senhorinha querida não era de muitas palavras: jamais a ouvi falando mal dos outros; eram raras as vezes em que sua voz sobressaía diante de um encontro entre amigas. Em contrapartida, seu semblante sempre me atraía, haja vista o tamanho daquele carisma.
Querida dona Hilda, você está bastante viva, cheia de viço, imersa nas minhas melhores químicas.
Adoro você. Enquanto me houver consciência.
Carol.

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