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2 de junho de 2010

Arrumar mala

por carolina fellet

Em criança, o processo de arrumação de mala lhe causava angústia. É que, em sua cabecinha, a vida já havia automatizado. De repente, a vulnerabilidade que a bagagem sugere a amedrontava. Imagine. Castelos da Barbie®, coleguinhas da escola, lugares a que estava acostumada a ir, cheiros, sorvetes caseiros. Tudo ficaria longe de sua percepção; estacionado naquela cidade que ela deixaria rumo a um lugar todo novo onde passaria as férias.
Essa impressão acompanhou Alessandra por muitos e muitos anos. Boa parte da vida dela foi repreendida por esse freio dissonante.
Um dia, já adolescente, na aula de ioga, ela meditou profundamente e conseguiu chegar a uma superconsciência da Vida. Até perceber que não tinha as rédeas da própria existência, nem o domínio do tempo. E acalmou-se, doando-se à gravidade das coisas importantes mesmo.

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