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8 de junho de 2010

Ensaio empírico sobre Brasília

por carolina fellet

Quem mora adora. Não trai por nada. Podem oferecer a beleza do Rio de Janeiro com a passividade de uma cidadezinha do interior de Minas Gerais a um brasiliense que ele não emigra da própria quadra.
Ir a Brasília pela primeira vez – já se somam 10 anos que o fiz – equivale a desvirginar algumas regiões até então latentes nas vistas. As construções são supergrandiosas, a natureza – salvo nos períodos mais secos – é multicolorida. O céu. Ah! O céu de Brasília. É “traço do Arquiteto”. Parece que o azul está mais próximo da gente; querendo nos tocar; misturar as dimensões; nos transportar à carne do Infinito.
Os shoppings são povoados por atrações que são ovacionadas em todos os cantos do mundo. Tem loja da Louis Vuitton, restaurantes com filiais esparramadas pelos quatro ventos, butiques super-requisitadas.
Em contrapartida, há uma cólera alojada nas moléculas da cidade. O luxo talvez seja seu principal estimulante: carros megaluxuosos, roupas estilosíssimas, botox que desafia gravidade e degradação do Tempo esmagam os cidadãos. E deixam seus interlocutores (leia-se “visitantes”) com a sensação de estarem dialogando com alguém que usa lentes de contato e que, portanto, esquiva-se da própria essência.
Ser cigano na capital federal me parece muito promissor, haja vista a carência da população local no que concerne a valores mais metafísicos como misticismo.
Será que o edital para videntes já saiu por lá? E qual será o salário inicial?

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