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17 de junho de 2010

Para o F.M.

por carolina fellet

Querido F.M.,

Já tem uns 12 anos que você transita pelas áreas mais privilegiadas da minha memória. Ou seria da minha vontade? Sei que o englobei para mim involuntariamente talvez. Assim como meu sentido acata a propaganda da Coca-Cola®. No emaranhado de compromissos, sentimentos, ímpetos, correntezas contrárias à vontade do meu cerne, existe um espaço que o aconchega, ainda que eu não faça opções.
Depois desse tempo todo de sentimento unilateral e platônico, como no videogame, consegui sair da dimensão da perspectiva e trazê-lo para bem perto de mim; para dentro da minha boca e dos meus desejos, neste momento, repercutidos em eletricidade no corpo.
E ai foram dois encontros surpreendentes. O primeiro menos que o segundo. E uma pane aconteceu no desenrolar dessa história que mal teve fôlego para começar. Você se esquivou das minhas vistas, embora esteja inteiriço e incrustado nas minhas moléculas. Não resisti e lhe enviei uma mensagem. E um silêncio turbulento me veio como resposta. Isso não tem tanta importância. Eu confesso-lhe que gosto de me enfurnar em áreas de natureza desconhecida. E um namoro de quatro anos me deixou muito amortecida para vários impactos dessa vida.

Um comentário:

Unknown disse...

Seus textos têm uma tensão de pele de faquir. Esse seu transitar constante entre o pop e o erudito, entre o quarto e a multidão, deixa quem lê meio abobalhado, com um olho na epiderme e outro nos pregos. E fica a pergunta: Como ela não se machuca? Parabéns!