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21 de abril de 2006

O nome dele é José

Agora expandi o número de oferendas a possíveis visitas. Ganhei um passarinho. Ele já veio com - além da casa que lhe é inerente - a casa que as destrezas humanas elegeram como morada dos passarinhos: uma linda e simples gaiola.
Quando vierem à minha casa, apresentá-lo-ei e falarei sobre a condição tão tênue a que aquele montinho de vida está submetido. Começarei falando seu nome: pensei primeiramente em Ary, em Rui, mas, por um súbito do papai - que me sugeriu "José" - fiquei com este. Meu ouvido entrosou-se com a porção exígua de felicidade: casaram-se.
José promete me aliviar nos dias em que descuido e sucumbo à primeira promessa da Tristeza. José é um Messias. José é o progresso nítido do meu templo vivo. Ah, José, você é minha mais nova tentativa. Você, que é uma linda e inconsciente mensagem do Mundo, veio em direção à minha casa. E esta ganhou aura nova com essa responsabilidade de que te incumbiram: a responsabilidade de, de repente, ser vôo, ser o apetite, ser partituras infalíveis.
Seremos felizes José? Estou transferindo a você um pouco dessas minhas bocas - destas que nunca se quietam. Estou tão ignorante como você. Sou tão alienada quanto a sua estética. Somos um mesmo projeto de vida. Só que nossos equipamentos de sobrevivência têm formas diferentes.
Quanto tempo durará sua pena, José?

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