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13 de abril de 2006

Profissão

Um uníssono travado, sem a flexibilidade da espontaneidade. Sensação artificialmente homogeneizada. Ao telefone, Elisa entrevista publicitários com memórias infalíveis: há um ritual diário para aprimorar as memórias; lustram-lhes as dependências... Resposta inicial: exploram-se novos territórios da língua... As próximas respostas são os obsoletos rituais de Igrejas mortas, mas eretas insistindo no mais supérfluo da Vida.
-(Elisa liga para uma agência de publicidade) Alô.
- (Elisa) Por favor, eu queria que você me concedesse duas breves respostas a duas breves perguntas, pode?
- (voz masculina lhe responde ao telefone) Posso sim.
Um grande monólogo aproxima-se, com passos potentes, do ouvido de Elisa. Verbetes que caracterizam uma estirpe de profissionais: “público mais segmentado”, “formatados”, “em nível de”. Indumentárias de gerações passadas; verbetes deste Pós-Moderno. Elisa banha-se com as próprias fontes de águas gélidas... Ser um profissional é um desempenho à parte. Não há o sentimento do “nós” entre a alma e as aptidões.
A menina está desiludida; por mais que saiba que os gritos dos arremates é que culminam em ecos ovacionáveis, encarapuçou-se da consistência dos peregrinos do intrínseco. Mas sucumbiu: viu o mundo cru; e a língua o rejeitou. Mais um arquivo à língua de Elisa.

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