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18 de março de 2007

Vão

Gisela vasculha, numa pretensão de se defender das próprias condições a que a vida a induz, o acervo de possibilidades à origem de cada sofrimentozinho que a rege. Sempre se inclinou ao raciocínio matemático, lógico, exato sobre as coisas.
Desta vez, sofria em nome de um amor inconsistente, desmazelado. Não lhe cabia na psique a própria punição que lhe veio de nascença: uma carência indomesticável. Nenhuma cortesia supriria aquela dor, dor dos incipientes tempos em que se reconhecia como humano. Dor do maquinário outorgado do Mundo.
Dor. A dor morta do dicionário. A dor conotativa. A dor legítima. Mune-se das lupas invisíveis da consciência e sai à busca de endereços; do catálogo que contém todos os dados do motivo de se padecer.
É tudo vão, coitada! A serenidade lhe virá, quando o líquido dos lixos escorrer-lhe do caixão. Só assim!

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