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17 de julho de 2008

Como adestrar o vento?

Por Carolina Fellet

Delimito minha área:
500m² de casa.

Espalho meu universo inanimado.
Sobre uma das mesas,
A estátua de uma gueixa.

De longe, trazendo arruaça à minha casa,
Vem vindo o vento;
Cão sem dono, sem bom-senso.
Ele passa corrido,
Sobre um tapete que desafia a gravidade,
Desliza.


Me olha de soslaio,
E,
Quando eu saio,
Ele deposita escombros de outros lugares
Sobre meus livros, sobre a gueixa.

O vento é uma vida ousada,
Que invade – a passos de gato –
Nossa casa.


Só que em vez de furtar as coisas,
Deixa todo o peso de que o incumbiram...
O vento quer mais é ser livre.
E não acumular riqueza alguma.

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