Total de visualizações de página

7 de julho de 2008

Feriado Cerebral

por Carolina Fellet





Desde que Arlete veio à luz, já lhe estava predestinada a maternidade, através de uma fertilidade infalível.
Por sorte, antes de o destino materializar-se em Luiz, o primogênito, a mulher aguçava as conspirações metafísicas com o grande desejo de ser mãe que possuía.
Quando se tornou mãe, os rodamoinhos do Tempo lhe impuseram uma renúncia integral às próprias idiossincrasias e a impeliram ao altruísmo de conduzir outra vida.
Arlete afasta-se da proposta cerebral atribuída à condição humana e passa a viver um vegetal que apenas usa dos recursos vitais que lhe foram outorgados para cumprir o papel da existência: locomove-se, amamenta o filho, vai de um canto a outro, emite sons para refletir o tédio que lhe penetra em agulhadas invisíveis.

Nenhum comentário: