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27 de novembro de 2009

por carolina fellet
O apelo à beleza era imprescindível em suas preces. Diante desta temporada material da existência, ser bela era, sim, demasiadamente importante para ela. Por isso, intercalava os pedidos de saúde e sucesso profissional com o desejo esperançoso da beleza.
O grande empecilho para que essa vontade se incorporasse à realidade é que entre fé e as manobras fatais da Natureza existe um território de redemoinhos a se adaptar, já que ninguém é capaz de impedir as determinações metafísicas às próprias vidas.
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Tinha dias que Liz estava de fato muito bonita. Todavia, sob o “mexer de pauzinhos” invisível da Vida, não estava muito bonita em outras épocas. Por mais que redobrasse a fé, na tentativa de penetrar o território da beleza, fracassava. Porque não se suplanta Deus.
Naquela quinta-feira de dezembro, queria arrumar um namoradinho, a fim de preencher o sentimento que tinha experimentado com seu primeiro amor e que agora, como uma cirurgia mal sucedida, estava aberto e incômodo. Produziu-se toda e foi para uma discoteca sofisticada da cidade onde morava. Chegando lá, sob olhos mais amadurecidos, não conseguiu vislumbrar outra coisa, além desta: “as pessoas vêm para cá, a fim de saciar seus instintos primários e pronto! Não transferem à essência a experiência de dançar, paquerar, conversar, achar bonito e feio. As situações se bastam sendo situações. Parece não haver o que processar”.

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