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13 de julho de 2005

Viver: O Destino

Viver é o meu destino. Eu poderia ser matéria não-viva; aliás, matéria viva a quem realmente tem vida. Uma areia, por exemplo, que é vida a mãos, a pés de um vivente. Tudo sai do mesmo e grande balaio. E por que é que eu fui incumbida?
Há o que vem para exposição. Como um rubi. Como uma esmeralda. Há o que vem para ser processado. Como uma flor atingindo a condição de árvore. Há o que vem como fantoche. Um sapo vivendo o que vive nele. Há o que vem como palco à manifestação do mundo: Eu, você, ele, ela, nós, vós, eles...
Antes de eu existir o mundo era latente. As cores não eram porque meus olhos ainda não eram. O som não era nem silêncio. O som simplesmente não sucumbia à escuridão de tudo que ainda não existe. Mas a escuridão existe. Não consigo imaginar o que é que não existe. Como será a não-existência? O sabor era a insipidez. Mas esta é mero repouso bucal. Talvez a maçã fosse só um esboço. A fragrância da noite passou a ser, de fato, depois da tarde em que eu e o mundo resolvemos ser um uníssono. Enquanto eu não era a vida, não sei qual era a incumbência do mundo.

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