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26 de novembro de 2006

Equipamento da Antropologia

O vital mutável está inerte perante esse dia de orgias, curvas e irreverências.
Sábado.
Lira acostumou-se com a marcha dos dias úteis.
Promoveu o fim de semana à santidade.
Salvação.
Hoje, por lamentos orgânicos e prostrações íntimas, optou pela solidão.

Pouco lhe adianta:
A solidão bafora, amiúde, o verbo estendido de tudo que foi existido.
A solidão é um antro de memórias extraordinárias.
A solidão é a certeira nudez da estirpe humana.
A solidão é uma ingênua criança que é tapeada nas rodelas sociais,
Nos parques com ares virgens,
Nos frenéticos discursos sexuais.
Mostra-se, por vezes, ainda que cadavérica,
Lúcida.

Não o ama.
Não saliva amor.
Não é altruísta e, portanto, não carrega o sentimento alheio às próprias dependências.
Não tem muitas coisas a elaborar.
O fluxo de sentimento corta a cútis da mulher.

Sábado.
Produções salvariam um âmago penitente.
A beleza é uma mola imensurável ao bem-estar.
Mas funciona com a potência e com a fugacidade das alopatias.
A solidão, fatalmente, mostra-se, ainda que cadavérica,
Lúcida.

Elabora a forma de exterminar o grande martírio.
Basta-lhe extirpar a consciência.
Basta-lhe a coragem, a covardia dos que – num ato antropológico – mutilam-se por inteiro.

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