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22 de janeiro de 2007

Invada uma festa de casamento

Laís e Humberto – amigos de faculdade – combinaram de ir ao aniversário de Ana Elisa – conhecida em comum dos dois – juntos. A comemoração foi num clube enorme onde, simultaneamente, no salão principal, acontecia uma festa de casamento.
Chegaram à festa de Ana e perceberam a movimentação da festa contemporânea. Com a sensação de crianças ariscas, falaram um ao outro, quase ao mesmo tempo: “vamos catar uns docinhos da festança do casório?”. Isso habitava o sentimento de utopia que cada serzinho – variando de dose – carrega consigo.
Dançaram muito. Deliciavam-se em iguarias típicas de festinhas de aniversário. Jogaram as sementes das piadas entre possíveis casaizinhos que dariam certo caso se unissem. Viveram meramente a superfície ilesa da existência. Geralmente, o convívio social anda aos pares com a perfeição. Tudo é certo. Tudo é tão bonito.
Quando se esgotaram fisicamente e decidiram sentar-se para beber alguma coisa, a consciência lhes veio à tona, com lembretes despudorados: “Está na hora de invadir a comemoração dos pombinhos”. Não hesitaram; a passos de veludo, subiram à escadaria que desembocava no salão. Subiram tudo. Já fartos de adrenalina e escassos de fôlego, deram-se de cara com a cozinha, onde um grupo de uniformizados agilizava as demandas do ambiente. Ninguém os percebeu. Seguiram, portanto, o itinerário à festa. Descobriram uma portinha e, contando meramente com a audácia, venceram-na. Surgiram ao palco, escancarados a todos os convidados e seus respectivos sentidos.
Nossa! Os “desconvidados” surgem estrelados, com roupas dissonantes àquelas recomendadas a casórios. Venceram o impacto inicial e se dissolveram no luxo com que se trajavam as pessoas. Nada comeram. Nada beberam. A carência de Laís e Humberto era simplesmente de um pouco de frenesi à vida.
Este dia já é digno de novas memórias e conseqüentemente novas comemorações.
Vale a pena, vale muito a pena invadir uma festa de casamento.

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