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19 de fevereiro de 2007

Restos e sobras

Deixaram-me o Mundo. Tantos céus a serem, outorgadamente, contemplados; ares a serem inalados; águas a serem bebidas; frutas a serem comidas. Minhas vidas contemporâneas vão ao cemitério dos meus sentidos em ação. O alface por pouco sobrevive em meu tempo. Já, já vira cadáver. O meu apetite é um cemitério superpovoado.
O sabiá que se dissimula no jardim da casa de sr. Itamar, meu vizinho, é ração a meus olhos, a meus ouvidos. O mundo estende-se a mim... Todas as habilidades das mais variadas formas vivas são uma exuberante vitrine a mim.
A chuva, que já é destra a ser chuva, escorre-me integralmente. O nascimento hábil das águas incita minhas curiosidades; minhas ávidas pretensões de saber qual é a verdade.
No momento em que a casca da laranja foi jogada ao solo, no momento em que o Tempo iniciou-se no processo de decomposição da vida, no momento em que penso e, conseqüentemente, sou pensada pelo tino de que não sou rei, o aerossol de espantos radica-se em mim. No meu mundo mais interior.
Dispuseram-se de um acervo virtual impalpável para elaborar as imagens que me surgiram nessa noite, enquanto dormia. Quanto será ainda me resta para consumir??

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