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1 de fevereiro de 2007

Jazigos Perpétuos

Pois é! Estou aqui,
Comendo o fruto que o pé da Vida me enfia,
Goela abaixo.
Estou nauseada.
É o mesmo sabor quase sempre;
O apetite já se gastou.
O apetite já nem reconhece as iguarias.

Ainda não tenho emprego,
Uso e abuso do dinheiro,
A cujo horizonte nunca tive acesso.
Vem com o corpo gasto do meu pai.

Extravaso e sempre me sinto cansada,
Exausta,
Em estafa.
Deprimida com o excesso de vida,
Decepcionada com a estirpe humana.

O ônibus pára.
O fluxo de carros da via ao lado é imensurável;
Quanta gente.
Quanto vigor de Deus.
Cada criatura assentada ao ônibus tem consciência de si.
Quanta agilidade de Deus.
O sinal está verde,
São tantos ônibus para virar à direita.
Vamos aproveitar essa empreitada.
A curva é feita...
Sacolas despencam ao lado oposto,
Forças batizadas pela Física.

Meu corpo é atingido por um sol já distante,
Das cinco da tarde.
Claridades imersas em florestas impalpáveis.
Sombra e sol...
Intervalo de sol e sombra.
Ainda dentro do ônibus.
Felizes são as populações dos jazigos perpétuos.

Desço, sem pensar, e a rua me recebe.
Ainda há um itinerário que precede minha casa.
Estou ligada.
Os deuses da Mitologia me inquietam.
E estão todos bem vivos...
Até as populações dos jazigos perpétuos estão bem vivas,
Já que existem tantas consciências daqui deste lado.

2 comentários:

Igor disse...

great! (odeio inglês)
vc merce um elógio diferente!
tem um texto legal no meu blog, o amor e a loucura.
bjs!

Igor disse...

faltou um "e"