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20 de julho de 2007

Feira à mostra

Mais uma vez, o enredo permeia a carência que faz sombra no anonimato.
Uma mulher, faixa etária que transcende os vinte e poucos, um metro e setenta e cinco às custas de um salto de uns dez centímetros, cabelos negros e longos, castigados por uma química dessas ultra-práticas e pós-modernas, seios quase transbordantes, calça jeans bem justa, pouca maquiagem, muita exibição.
Quando meu tino vivia enfurnado nos parâmetros genéricos, eu sequer dava cartas próprias a esse tipo de aparição: assistia a uma mulher trajada com panos de dimensões irrelevantes e, num gesto de concordância às culturazinhas, julgava-a volúvel às predileções machistas e, conseqüentemente, um ser respeitável pelos cordões que têm como pingente os falos. Estes se acendem quando se topam com feiras à mostra.
Fiquei por uns quarenta minutos no mesmo antro da mulher-impulso desta história. Observei-a com devoção a meus instintos, a minhas culturas mecânico-naturais. No cômodo das minhas precipitações, surgiu-me: que magnetismo envolve uma psique a ponto de ela extrapolar sua carência através de um corpo praticamente despido? Carne de açougue não-taxada. Vaidade ordinária. Esse discurso veio-me junto à gramática da piedade... E esta só me vem perante catástrofes alheias. A piedade é minha maior pequenez.
Não me veio uma didática que satisfizesse minhas expectativa sobre o porquê de tantos comportamentos banalizados, embora encharcados de idiossincrasias.

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