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3 de julho de 2007

Uma pretensa juristinha

Marta Suplicy virou notícia. Esta nasce quando as coisas parecem culminar no óbvio, mas, por um deslize, transgridem um principiozinho qualquer da obviedade e caem na fatalidade das mídias.
Maria Cecília acabou de se tornar bacharel; foi aluna dedicada, esteve sempre muito aquém das faltas permitidas, fez sua monografia baseada no Português machadiano e é discente mais ovacionada pelos professores. Ah, estagiou na defensoria pública e num escritório do cunhado da sobrinha de um juiz famoso na cidade.
Estava em um momento extra-ortodoxo: batia um papo virtual com uma paquera e simultaneamente acessava sites de informação. Em um destes havia a seguinte interação com o nauta: o que você achou da declaração da Ministra sobre o caos nos aeroportos? Mande sua opinião. Sempre muito erudita, não por herança familiar; os pais eram ricos, embora não intelectuais. Erudita por opção, como existem os maltrapilhos por opção. Maria Cecília sabia do histórico de Marta, da época em que ela explorava seu status de sexóloga. E sentiu, sob a declaração “relaxa e goza”, que a ministra do Turismo quis apenas se popularizar no comportamento tão induzido hoje em dia: SEJA PAN!
Os professores de cursinho pregam o PAN: goste de química analítica e ame a gramática francesa; estude muito aos finais de semana e faça sexo com seu namorado; as lanchonetes comercializam o PAN: xis tudo, coma dois e pague um, refil de refrigerante; os pais brigam pelo PAN: corte esse cabelo, produza-se, saia menos, eu não gosto daquele Raoni; não demonstre que você não sabe o que seja jurisdição: seja PAN.
Numa tentativa de vir ao raso, ao povão, Martinha virou Madalena.
A promoção já aconteceu, e os achismos de Mª. Cecília estão mortos, sem cruz, numa gaveta hermeticamente fechada.

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