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6 de julho de 2007

Frade

Nosso mar nos trai;
A Natureza é traiçoeira,
Abusa da ignorância dos seus hospedeiros.
Caí em tontura do meu próprio líquido.
Me atormentei,
A ponto de esquecer o tino da minha profissão.

Diriam os kardecistas,
Obsessão.

Comecei me abstraindo da lógica,
Contei degrau por degrau,
E tropecei...
Interpretei o espectro da dramaturgia das telenovelas,
Daí, não lhe prestei atenção,
Me escapou o enredo,
Me escapou a pretensão barata de se satisfazer
Com os frascos de indústria cultural.

Tentei imunizar os sentidos do óbvio,
Da camada cutânea de tudo;
Fui pela sombra,
Em nome da sombra,
Ao encontro da sombra.

Uma gramática alternativa se lançou a mim,
Alguma habilidade psicológica tentou apagar meus arquivos,
Mas me restaram destroços dos velhos tiques.

Tentei me acostumar ao novo,
Como vejo alguns transeuntes bem entrosados
Com as novas tecnologias,
Com as boas novas da medicina estética,
Falando sozinhos,
Submissos aos adventos.
Falando sozinhos,
À mercê do próprio eco.

O ovo não deveria ter se rompido,
Eu preferia os automatismos conformados,
A tanto acervo de novidade.
Acho que sou covarde,
Vou virar frade.

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