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19 de maio de 2005

Doutora Ênclise

(Carolina)-Bom dia, tudo bem com a senhora?
(Drª. Ênclise)-Pode sentar-se na cadeira. Suspenda as suas mãos assim oh!
(Carolina)-OK.
(Drª. Ênclise)-Pode levantar-se e dirigir-se a esta máquina. Olhe neste espaço e diga-me que letras enxerga após a luz acender-se.
Carolina, com sua lentidão inerente, atiça a avidez que se escancara em doutora Ênclise que, coitada! se preocupou, ou melhor, preocupou-se tanto com a exatidão da gramática que se esqueceu da vida. Esquecer de ser. Como pode?! Há quem precise de lembretes em "néon": "Viva, depois se incumba de fazer, não se esquecer...". O tempo dá um prazo curto demais às vidas. E as vidas, acomodadas às incumbências, quase não vivem... porque quando chega a hora de se viver de fato há bônus de cansaço, fadiga, necessidade de dormir. É bom viver agora de uma vez, porque amanhã já se tem menos a se viver.

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