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8 de setembro de 2006

Casualidade

André combinara com Clarissa de ligar para ela durante o feriado. Promessa vã. A garota já se acostumou com as prorrogações dos encontros. Decidira sair com sua prima para dançar e apelar, ainda que inconscientemente, a emanações de seduções. Sempre que se sai à noite, fatidicamente, cobiça-se uma presa. É preciso buscar hipóteses na alienação de se viver.
Descompromisso. Encontro face a face. Espectros de se existir manejam certamente os destininhos da Existência. Não combinaram, embora tenham se encontrado farejando a mesma ambiência.
Ele revelou a Clarissa:
-Não queria encontrá-la hoje. Sequer queria falar “oi” a você.
Clarissa, numa decepção grave, indagou-lhe:
-Poxa, mas por quê?
-Porque, para me encontrar com você é preciso estar preparado, concentrado. Você não me é banquete meramente.
No ápice de um brinquedo de Parque de Diversão, focava-se a adrenalina da garota.
Sentiu-se um Nietzsche temporário... Inflou-se de plenitude fiel da vida.
Como as carnes são leões que cobiçam carnes e carnes, ele lhe disse:
-Bem, não queria encontrá-la, de fato. Mas, já que estamos aqui e, já que estou carnívoro hoje, a gente poderia se entrosar na mais rodriguiana conotação.
-Eu, André, estou carnívora e meia hoje.
Num embalo orquestrado, as línguas esbanjaram-se umas às outras, as salivas compuseram uma receita velha e sempre no topo da moda. As línguas são quilométricas felicidadezinhas do orgânico.
Houve papos. Sexo de idéias. Gravidez de entusiasmo por parte de Clarissa. Acordou farta de memórias.
Meio.

Um comentário:

Backx disse...

Olá Carol, só passei para dizer que gostei dos seus textos.

Um abraço.