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22 de setembro de 2006

A Pianista

Ela é a melhor. Visão embaçada e simultaneamente tão autêntica da criança. Não sei por quê. A criança empenha-se ao estender o pai, a mãe, o irmão, o agregado de que gosta enfim, a proporções ovacionadas de deuses utópicos.
Idolatrem-na. Ela é minha mãe.
Um desejo inimaginável e não pretendido de a criança ser a conseqüência especial de um ser especial planejado pela Natureza. O pai de toda criança que tem tempo para perceber a Vida é sempre rei.
Malu, malgrado não ser criança, embebeda-se da taça que lhe nasceu nas redondezas das afetividades. Malu enlouquece perante o ato celestial de a mãe – Eunice – romper a inércia de um piano. Eunice, despercebidamente, é uma incumbida da Eternidade. Faz viver, afinal, a cadavérica vida de um instrumento sem destrezas a manuseá-lo. Faz viver, afinal, a habilidade de os ouvidos ouvirem.
Palmas e explosões à mãe da jovem.
Perante a família de cinco elementos, elas compõem a maior agudez de interseções. Falam sem o mal-estar dos pudores; riem de assuntos indexados pela rigidez tradicional das famílias; brigam; implicam; abraçam a felicidade que deveras as envolve.
A arte é a forma que Deus encontra de se enfurnar na vida de seus artesanatos atônitos de tanta vida a viver... De tanta vida a tapear... De tanta vida por que esperar.

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