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26 de junho de 2007

Os insones

Quase cinco horas da manhã. João Luis e Marina estão saindo de um Pub alternativo que fica a São João Del Rey, Minas Gerais. O céu quase sucumbe à claridade, mas o comportamento de recolhimento perante a escuridão persiste. Todos dormem. Os prédios emudecidos; as ruas sem sinais, sem leis; o semáforo, facultativo.
Param ao sinal porque um carro enorme passa lentamente à avenida principal. Enquanto estão em inércia, à espera de uma chance para prosseguir, Marina observa uma lâmpada acesa em uma janela de um prédio de classe média baixa.
A última possibilidade que lhe surge à cabeça é a de que a pessoa do cômodo opta por dormir às claras. Marina imagina um insone crônico, desesperado, que está à beira de suicidar. Como praxe, leva a impressão para a casa. Dorme com a impressão. Cogita, de quando em quando, a impressão.
É sofrido à beça não dormir seqüencialmente. A energia de que a máquina humana precisa para permanecer dignamente viva se esvai. A estética se altera demasiadamente. Os problemas e as maravilhas são dispensados pela fraqueza da eletricidade extrema, que mata. Que corrói dolorosamente. Marina não resiste a um processo de psicose altruísta.

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