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13 de julho de 2006

MAXI PÃO

Aurélio tem uma padaria. Diferentemente dos velhos proprietários de recintos comerciais, o homem exercita seu xodó pela loja, através de maciços investimentos na estampa do lugar, no perfil dos pães e dos aperitivos e no linguajar demasiadamente formal dos funcionários. Não preza pela legítima qualidade, mas pela repercussão e pelo status de sua posse.
Não zela pelo impecável, pela limpeza, pelo bom atendimento, mas pelo luxo. Cada vitrine, cada cadeira e cada uniforme têm seu próprio R.G.. O anti-convencional é interessante, ainda que espante pessoas quando estas mantêm contatos incipientes com o Novo. Mas, Sr. Aurélio, todo empertigado, insiste no requinte diário.
As preparações de fim de semana da juventude já me levam à exaustão, o incansável processo de se emperiquitar amiúde equivale a meu lápide.
Para freqüentar a Maxi Pão é necessário escolher uma indumentária que condiga com a aura do local; é preciso coreografar as mandíbulas, a fim de que o ato primitivo de se comer seja disfarçado pelos pontilhados da civilização; é imprescindível se acostumar com a morte do você e com a ressurreição de termos já carecas da gramática.
Uma vez que o luxo é a tônica do quarteirão onde fica a padaria, sugeria a Aurélio, a Sr. Aurélio, que arrematasse o requinte da loja com o hastear diário de uma bandeira com códigos que nos aludissem ao espaço. Como uma fita acetinada que leva um embrulho de presunto à beira da Perfeição.
Platéia de saudações à Maxi Pão.

Um comentário:

Anônimo disse...

eu vou à maxi pão como eu vou a qlqr outro lugar... obviamente, coloco uma camiseta um pouco mais arrumada e penteio o cabelo. mas só se isso não for pra omar café da manhã. café da manhã vou com a cara amassada, de mau humor e fico lá até nao aguentar mais. de fato, costumo ir nas férias com algunas amigos - mais frequentemente após noites em claras ou mal durmidas.

até!