Total de visualizações de página

10 de julho de 2006

Overdose

Sonhou os aperitivos que os olhos orgânicos degustam no ínterim de um dia. A realidade mecânica diluía-se no ensaio da Morte. O lustre dissolvia em ventos inertes, embora possantes. O quarto reduzia-se à estampa de um projeto de morada. Projeto ainda em processo, como a vida quase consolidada, como os esboços quase desempenhando a incumbência de ser uma mísera e ignorante conseqüência.
Os céus repousaram um pouco. Capacidade dos sonos; dos sonhos. A língua lambia abajures derretidos, lustres derretendo e todo o porte da civilização empoeirado. Não mais lhe havia concretizações oriundas de mãos humanas. Retornara-se ao primitivismo. Ao primitivismo benéfico. Às arvores e às ginásticas para se pegar o fruto delas e devotar-se às aptidões da Natureza. À naturalidade de vira-lata. À nudez denotativa e conotativa.
O sono era – lhe profundo e a transcendência era exageradamente verossímil. Os sentidos apalpavam a realidade espectral. Entrega despudorada, destemida à vida. Ao momento que se agrega a momentos e culmina em dia-a-dia. Dia-a-dia; noite-a-noite. À noite a existência parecia-lhe mais valiosa. Ouro de Brasil. Os dias não lhe faziam bem.
As oferendas da morte não aguda abusavam de todos os talentos divinos de Emília. A musicalidade do ato de sonhar a sedava. De repente, um barulho material, comido pela audição explícita, interagia com o devaneio da mulher. Miscíveis mundos... Extensão de Mistérios.
Empanturrou-se de Mistério. Arrepia-se perante folhagens, cores de olhos, estaturas, quantidade de carne disponível em corpos fartos de bichos, insetos, fetos.

Nenhum comentário: