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15 de outubro de 2006

Fragrância

Iniciou-se, agorinha, uma estação com novas lâminas de fragrância. Sinto-me nostálgica. Sinto-me melancólica e, até aqui; até este momento, ainda que tenha passado por intempéries desesperadoras, meu orgânico agüentou as mazelas que emanam das intempestivas fragrâncias que me existem.
O redemoinho de vida fada meus tempos e deixa os veredictos a meus domingos. Domingos que massacram qualquer coisa concebida pelo Homem.
Na época em que quase sucumbi à indecência da morte, os domingos me valiam flores, os domingos me faziam de pirata que avista, ao longe, ouros e ouros. Domingos e os agregados da semana. O tempo – presunçosamente em marcha ao homem – era-me o templo de meus sentidos em dinâmica.
Tempo? Genuína guerra unilateral. Guerra com armamentos de soberba. Tempo? Primitivismo a que somos submetidos.
Minhas fragrâncias culminam em minha própria náusea. Queria a destreza de ativar e desativar a vigília dolorida dos sentidos em sindicato com os sentimentos. Hoje estaria tudo em silêncio de funeral noturno. Amanhã, mansamente, levantar-se-iam minhas luzes. Novamente, como uma vida recente, encharcar-me-ia de hesitações perante os tubos de ensaio que compõem o Cosmo.
Cobiço; como cobiço diariamente, o retrocesso de passar a consciência em um processamento de desintoxicação e, finalmente, todos os dias, descobrir a totalidade da ignorância que me assola. Quando se descobre a legítima tolice, o Mundo torna-se tão simples. Tão digerível. Muito menos agudo do que o terremoto de burocracias medíocres que se tem a resolver.
Preciso bloquear minhas lembranças. Preciso nascer, nascer, nascer, nascer e me tornar sabiamente ignorante amiúde.

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