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25 de outubro de 2006

General

ESTE É DEDICADO A UMA VOLÚPIA DE SENTIDOS E DE ORGÂNICOS ILÍCITOS

Ele segue sempre à frente. Vai, empertigado, humano – pejorativamente humano – a assolar as existências mais autênticas a si mesmas. PUDOR. Masoquismo eternamente a dispor da nossa contra - vontade.
O pudor segue a minha frente; com seus instrumentos de corte, faz cirurgias emergenciais em minha própria essência. Tira-me o que me indica o coração. O pudor é uma quimioterapia agressiva que estraçalha trechos saudáveis do âmago.
...
Segunda-feira, fim do expediente escolar, à espera do ônibus. Eis que me surge, ranzinza, frígido e horripilante o pudor. Quando se mostra, fatalmente, é porque alguma regra civil está despencada como um quadro cheio de porte afixado a um prego magérrimo. Pois o pudor se lhe instala. O bom-senso é uma grande presunção que cismamos respeitar. Ele é um artesanato humano que repercute em malefícios ao próprio homem. Devido a tanto pudor, ele enclausurou suas aptidões, enfartou a alma e a matou; agora vive desalmado, com o peso do orgânico e os sofrimentos inerentes a ele. A inteligência é afrodisíaca. Li isso numa volúpia de procuras de alívios ao tédio. Em procura de meu remédio anti - monotonia. Deveras, ela dá um empurrão inicial na libido. Estetas, patetas, canastrões, carnívoros ou sensíveis demais em fora de hora dão aos cachos nessa Terrazinha. Um inteligente, um incumbido de transmutar o Cosmo em uma tecnologia humana é fascinante, apaixonante. Por isso, meus prós estão em um enorme sindicato em nome dele.
Ainda bem que, quando chego aqui, quando me vejo enfurnada nos meus pertences, há Nelson Rodrigues a me aliviar como a mais eficaz alopatia. Lancho, todos os dias antes de dormir, todas as verdades de que minha linfa necessita para se aceitar.

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