Total de visualizações de página

28 de outubro de 2006

Ivonete

Não tenho a que recorrer. Fico iludindo minha própria sensação de piedade. Esta não foi feita para viver. O ideal é nascer e, imediatamente, morrer. A piedade existe porque algo de triste existe. Esse sentimento poderia ser um gringo ininteligível a novas safras das criaturas que pertencerão ao nicho de evolução.
Penso que vai haver um jeito. Haverá uma forma de salvar todas as mazelas do mundo e emperiquitá-las com a grande potência da paz intrínseca. Estando em paz com a aura que nos acoberta, o Mundo não pesa. Os sadismos repercutem em entusiasmos das nossas próprias grandezas.
Ivonete. Não havia tido contato com uma capacidade da Fatalidade tão apelativa. Um montinho de vida vem à Terra com o propósito de, involuntariamente, gerar a sensação do trágico-cômico às pessoas. Venho revelar a você a piedade de que tem sofrido meu coração. Meu sentimento se mutila perante sua presença. Você chega-me com uma doçura transbordante que desafia os sigilos escrotos com que a estirpe humana acostumou-se. Sua doçura cavalga com os clichês tão salutares dos sorrisos legítimos, que têm impulso no cerne. Ah, Ivonete, como você é doce.
Não tem noção das regras convencionadas pelo bicho civilizado. Não caiu nas seduções desse mundo que inibe a própria condição. Na hora de fazer os serviços domésticos, levanta uma população de equívocos. A mesa é composta por copos somente. Ao telefone, como um ser incipiente que se assusta com o próprio som, emite sílabas incompreensíveis. Não a entendo. Não imagino que monstrinhos a assolam. Você é o meu mais novo Mistério. O enigma mais tecnológico da morte e da vida Severina é você.
Creditarei forças no inimaginável... Apelarei a ajudas e mais ajudas. Neste próximo conteúdo de tempo, não estaremos mais juntas. No entanto, todos os dias, quando meu pensar se arriscar no impensável, pedir-lho-ei. Pedirei momentos de conforto. Diversão a sua moda. Amor. Amor ao inanimado, por que não?!
Nunca a esquecerei. Jamais. Enquanto o sempre me existir, lembrar-me-ei de você. Fica-lhe a minha boa vontade.

Nenhum comentário: