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15 de abril de 2005

25 horas

Acordar 11 horas da manhã é fadar os sustos nas faces dos normais. Todo o surdo espanto do mundo se concentra no meu fuso-horário diferente. O mundo pára por causa dos anti-convencionais. É como um violino dissonante na imensa orquestra esse meu desrespeito à empáfia das manhãs impregnadas de pendências. Das dez da manhã se espera conclusões e soluções feitas... e desvirgino meu mundo muito mais tarde. Chego simultaneamente a novas safras de novas iguarias da Natureza. Chego junto aos ovos que coincidiram explodir hoje. Chego junto à morte de findáveis criaturas e recentes homens. Chego quando a carga-horária de outros se acaba. Chego realmente abastecida para a fugacidade de um dia em sua íntegra; para a nostalgia e a avidez que estupram toda a lógica do calendário. Não quero transcender horas que nem existem de verdade. Quero contemporizar ao tempo, à leveza de um céu tênue e de uma noite cujo protagonista é um tal de mistério. Mistério que também protagoniza minha linfa, meu espelho, meus tropeços. Mistério que é o mais elevado grau de transcendência a que posso chegar.

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