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5 de abril de 2005

Poesia

Dizem que uma genuína poesia demanda forma, rima, musicalidade, estética exímia. Discordo usando toda minha eloqüência, todos meus músculos humanos e minha eternidade d´alma. Poesia é simplesmente tudo o que me toca. Bach é poeta... a pobreza tatuada diante do céu é poesia, minha sede é poesia, a frustração e o tédio são poesia. Uma vez um amigo me disse que Renato não era poeta; e sim, arquiteto de músicas... e o que são então as boas músicas? Tudo que me toca é poesia. Roupas secando no varal me mostram o tempo reflexivo, se consumindo com uma indiferença a nossa pretensão. O salgado do sal me é poesia... e a inércia de tudo é poesia. A inércia de tudo ganha traquejo com a nossa existência. O verde da árvore é verde porque a gente o reconhece. Ele é simplesmente verde... ele exerce o papel imposto a ele... e ele usa tapões nos olhos. Ele vive simplesmente o que existe nele. E a gente vive também tudo que existe na gente. Mas a gente tem um diferencial... o de poder desbotar as interrogações acerca dessa parafernália enigmática que invade as nossas vistas, os nossos ouvidos... Poesia é tudo que me toca. O piano em movimento me é poesia... a beleza absorta. Os prazeres são o Camões dos corpos.

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