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30 de abril de 2005

Vaidades

Já tive as vaidades típicas de todas as idades que existiam em mim. Agora não tenho mais idade. Estou integralmente entregue às manifestações do Tempo. Não se consegue diagnosticar a quantidade de vida que vive. A quantidade de vida que ainda se tem. Não se pode saber o que é a vida, afinal. A vida são todos esses dedos emendados? A vida são meus ralos cabelos? A vida são os seios que sublinham meu Fado de menina? A vida é esta memória incrível que, com todo seu sadismo, martiriza demasiadamente a (in)consciência do meu dia-a-dia? O que é a vida? O que são todas as circunstâncias? Vaidades são exigüidade de sentido. Vaidade é incumbência de meras matérias vivas. Vaidade é a sedução desenxabida dos acontecimentos que se findam muito rapidamente. A vaidade existe para os que ficam unicamente em beira de praia. Quem arrisca a perder-se no próprio oceano faz, involuntariamente, abstinência de vaidade.

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