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15 de março de 2005

Fantoche

E , à espera do ônibus, me esparramo um pouco em cada transeunte . E vejo a beleza que não é escolha , que é uma concessão desse mistério enjaulado que é o ápice aonde chego. Esse enigma é a minha clausura , é a minha tônica , é a minha avidez sempre . E vejo anomalias:Fruto de um desleixo qualquer dos bastidores dessa vida órfã. Pensamentos me vêm amiúde com a velocidade que transcende minha capacidade de "matematicar". E vejo , sei que vejo , mas desconheço a matéria-prima da visão e sinto e pensam por mim , já nem equivalho a Carolina . Este cara que se sentou ao meu lado tem segundas intenções ... é o que me vem e eu não queria pensar isso , mas a razão é tão exígua , é uma sombrinha em meio a uma tempestade revoltada . E as árvores do outro lado do ponto de ônibus são vassalos do marrom e de uns verdes que se diferem só para os espectadores . Elas não têm vida própria . Elas ficam incessantemente à mercê . Como eu . Como meus olhos , minha libido , meus pensamentos que são milhões de vezes mais cintilantes do que meus pés no chão e essa parafernália nítida a olhos humanos.

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