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30 de maio de 2006

Fila Única

Enfileiram-se, feito formigas que farejam umas as outras, na caminhada ao encontro da Lógica. Da ficção com arremates que sugerem verdade, verossimilhança pelo menos.
Lógicas sociais, lógicas religiosas, lógicas sentimentais. Lógicas ao Utópico. Está triste porque está perante um cadáver muito querido em outrora; essa outrora lhe parece tão fresca. Buscam causa às conseqüências que se sentem na epiderme do âmago, às vezes revestido por uma aspereza, às vezes banhado em uma maciez nítida.
Empanturraram as sensibilidades à deriva neste Tapete estendido que é o Mundo. Empanturram-nas de ficções amadoras, nada persuasivas. Nada é eficaz ao ponto de convencer acerca da Vida. A Vida é o ápice do Sagrado. Do lacrado. Do intocável em que não se pode ousar mexer, e sequer aproximar-se dela. Da Vida. Da tão fácil Vida.
Da tão enclausurada caminhada.
Fileira com concavidades à espera de explicações, de matemática cósmica. Por que se explicar? Por que não explicar? Por que o Dessentido? Por que a composição orgânica e de alma são suma ignorância? Por que nascemos e morremos analfabetos de nossas dinâmicas, nossos monstros, nossas vitórias viscerais, nossas derrotas erosivas?
Por que, Grande Mágico de mãos foragidas, não nos podemos saber? Há algo de muito sério a nossa sombra? Há algo apavorante como nossas próprias bengalas? Há algo tão macabro que é preferível a alienação?
Que assim seja, então.

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